R$ 1,36 trilhão sob gestão
Edição 189
Este foi o volume alcançado pela indústria de fundos em 2007, que teve como destaque a busca por investimentos mais arrojados, especialmente no segmento de ações
A indústria de gestão de recursos segue seu rumo, ladeira acima. Em 2007, encerrou o ano com um volume de R$ 1,359 trilhão, aumento de 19,2% em 12 meses e de 9% nos 6 últimos. Na dianteira do ranking de gestores está a BB DTVM, com R$ 220,13 bilhões de recursos sob seu guarda-chuva. Logo atrás vem o Itaú, com R$ 205,29 bilhões. Uma boa notícia para a Bradesco Asset Management (Bram): a instituição recuperou a posição perdida no último Top Asset para a Caixa Econômica Federal e ocupa, no momento, a terceira colocação, com R$ 156,68 bilhões. A Caixa Econômica segue na cola, em quarto lugar, com R$ 153,92 bilhões de ativos sob gestão.
Embora a trajetória de queda da taxa de juro tenha sido, por ora, interrompida, a tendência é que a busca por investimentos mais arrojados continue firme e forte, seja por parte dos institucionais, seja entre os clientes pessoa física. Prova disso foi o crescimento do segmento de ações, que acumulou alta de 36,8% ao longo do ano passado e de 30,3% no segundo semestre – a maior expansão dentre todos os tipos de alocação. “Independente da crise do subprime, os investidores continuarão a migrar para alternativas de maior risco”, avalia Alberto Monteiro de Queiroz Neto, presidente da BB DTVM.
Para se manter no topo, a asset do Banco do Brasil sofreu uma reestruturação interna em 2007. A forma de atuação foi redefinida e cada categoria de investimento passou a ter um responsável. A área de análise fundamentalista também está sendo reforçada, e passará de 12 para 29 pessoas. “Precisamos estar prontos para oferecer uma gama de produtos competitiva e diversificada”, afirma Queiroz Neto. A iniciativa já começa a surtir os primeiros resultados. Foram lançados, em 2007, além de três fundos de renda fixa, dois fundos multimercados e três de ações, esses últimos setoriais (focados nas áreas de consumo, siderurgia e bancária). “O mercado é extremamente competitivo e nós não temos a opção de ir às compras e adquirir outras assets. Só nos resta, então, crescer organicamente, conquistando o cliente no dia-a-dia.” Esse não é, entretanto, um desafio exclusivo da BB DTVM (apesar do impedimento legal em relação à subsidiária da estatal). A demanda por aplicações sofisticadas é um fenômeno generalizado. Para atender à crescente procura, as gestoras têm privilegiado a formatação de produtos mais agressivos. Dos seis fundos lançados no ano passado pela Western Asset Management, por exemplo, quatro eram multimercados (incluindo long/short) e dois eram fundos de ações (um de small caps e outro de retorno absoluto). “Há um nítido aumento de exigência no nível de especialização dos gestores”, atesta Roberto Apelfeld, diretor executivo da Western, primeira colocada entre as assets independentes, com R$ 25,37 bilhões sob gestão. Para “escoar a produção”, foram abertos 15 canais de distribuição ao longo de 2007, entre private bankings e family offices.
As aberturas de arquitetura, aliás, têm favorecido e muito a expansão dos negócios das assets, não só das independentes. O processo vem se intensificando à medida que a indústria de investimentos evolui e permitindo ampliar a oferta de fundos junto a clientes private de outras instituições financeiras. “Há dez anos, a estrutura era toda verticalizada”, recorda-se Alexandre Zákia, diretor de investimentos institucionais do Itaú. “Hoje, o movimento que os private banks têm de fazer para manter os clientes favorece assets com uma boa prateleira de fundos de investimento, como a do Itaú”, diz o executivo, que também enfatiza a importância dos acordos de distribuição que vem fazendo e a qualidade desses distribuidores.
Por falar em private, este foi um dos segmentos que mais se destacou em 2007. Apresentou, no ano, um crescimento de 36,6%, e de 25,8% nos últimos seis meses, alcançando a soma de R$ 171,7 bilhões. Boa parte dessa expansão é efeito colateral das ofertas de ações em bolsa (emissões secundárias, principalmente, em que o dinheiro vai para o bolso dos sócios), que vem produzindo uma nova safra de ricos no Brasil.
No atendimento a essa clientela abonada, a liderança é do Itaú, com R$ 33,5 bilhões, fatia que corresponde a 16,3% do total de recursos sob gestão. A UAM vem em segundo lugar, com R$ 14,9 bilhões. O principal movimento nesse segmento, porém, parece vir do Bradesco. O banco sequer aparecia na lista dos “10 maiores gestores de private” no último TOP ASSET e, agora, encontra-se na sexta colocação, com R$ 10 bilhões. “Foi uma decisão institucional”, afirma Adolfo Alviço, superintendente comercial da Bradesco Asset Management (Bram). “Como se trata de uma área nova, precisávamos dar foco para tentar alcançar a concorrência.” Se depender do ritmo de crescimento – 134,6% no último semestre de 2007 –, é possível que o banco da Cidade de Deus avance algumas casas já na próxima edição do ranking.
Renda fixa – O movimento de sofisticação das aplicações não se restringe à renda variável. Na renda fixa, é possível também detectar essa tendência. No ano passado, por exemplo, a parcela direcionada para os títulos privados aumentou 23,3%, enquanto o montante de recursos destinado à compra de papéis do governo teve um desempenho bem inferior e cresceu apenas 11,7%. As alocações em direitos creditórios continuam atraindo a atenção dos investidores (apesar de as taxas de retorno estarem diminuindo) e registraram, no ano de 2007, alta de 32,8%, totalizando R$ 22,36 bilhões de recursos sob gestão.
Até mesmo os clientes corporate, normalmente afeitos a aplicações conservadoras, têm se bandeado para o lado dos investimentos um pouco mais arrojados. “Eles desentocaram do DI”, atesta Zákia, do Itaú. Isso não significa, contudo, que as empresas tenham dado uma guinada de 180 graus e ido parar na renda variável – as que fazem são exceção. No curto prazo, esses investidores menos atrevidos tendem, inclusive, a assumir uma postura de maior cautela, dada a volatilidade dos mercados que, no segundo semestre do ano passado, fez acender o sinal de alerta.
A migração que vem ocorrendo é paulatina e dentro da própria renda fixa: em vez de títulos pós-fixados, a preferência, agora, recai sobre papéis prefixados, atrelados a índices de inflação e com risco privado de crédito.
Fundos de pensão – Talvez por conta desse aumento da procura por risco – e, por extensão, de maiores retornos –, o total de recursos provenientes dos fundos de pensão tenha evoluído de forma significativa em 2007. O patrimônio total da categoria atingiu R$ 251,63 bilhões, aumento de 12,7% em 12 meses e de 10,4% no segundo semestre. A demanda das fundações por aplicações em bolsa fez com que muitas assets ampliassem a grade de fundos de ações e multimercados. Para se ter idéia, o patrimônio dos fundos de derivativos para institucionais, por exemplo, aumentou 105% no ano passado e as aplicações em ações saltaram 77%. A liderança na gestão para esse segmento permanece com a BB DTVM, que tem sob seu guarda-chuva R$ 69,94 bilhões de recursos desses clientes (equivalente a 31,8% do patrimônio). O Itaú aparece na segunda posição, com R$ 43,2 bilhões e, em terceiro, o HSBC, com R$ 21,9 bilhões.
Para entender o ranking
– As informações apresentadas neste 21º Ranking Top Asset representam a posição de cada gestor no dia 31 de dezembro de 2007 e foram prestadas diretamente pelos gestores à nossa área de pesquisa. O ranking engloba unicamente os recursos discricionários administrados pela asset, ou seja, aqueles sobre os quais ela possui mandato do cliente para movimentar.
– No quadro Raio X do Mercado””, para determinar o crescimento do volume total sob gestão, assim como em cada categoria específica, expurgamos os efeitos da entrada de novas assets de uma edição para outra, de tal forma que o percentual de crescimento em 6 e em 12 meses possa refletir mais fielmente o mercado.
– Controle nacional ou estrangeiro: consideramos nacional o controle claramente definido em mãos de um grupo nacional e não apenas o controle em nome de uma empresa registrada no Brasil