TA - Março/2008 - Base de Dezembro/2007

FIDC sofre com a crise, mas carteiras crescem

Edição 189

Lançamentos de fundos de recebíveis são postergados, mas mercado deve retomar o ritmo até o terceiro trimestre

O ambiente de incertezas causado pela crise norte-americana do subprime provocou uma retração de vários lançamentos de ativos no mercado financeiro também no Brasil. As emissões primárias de Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) acompanharam esse movimento e muitos lançamentos foram cancelados ou postergados, enquanto não se tinha clareza do tamanho e das conseqüências do estrago – o que, na verdade, não se tem até hoje. “O subprime não é muito claro para algumas pessoas, que confundiram o risco de securitização do mercado imobiliário norte-americano com o risco de securitização dos recebíveis da carteira de FIDCs”, avalia Aguinaldo Fonseca, diretor de renda fixa da asset do Itaú. A gestora lidera o ranking Top Asset no segmento de FIDCs, com R$ 5,087 bilhões sob gestão. É também um dos maiores emissores de FIDCs no mercado brasileiro.
O mercado de FIDCs deve retomar o ritmo de crescimento até o terceiro trimestre deste ano, na opinião do superintendente comercial executivo da Bradesco Asset Management (Bram), Adolfo Alviço. “É um produto que já atravessou crises e se mostrou bastante eficiente”, afirma. A asset do Bradesco ocupa o segundo lugar no ranking da alocação em FIDCs, com R$ 4,524 bilhões em carteira.
Apesar das incertezas que desfavoreceram os lançamentos de FIDCs, algumas gestoras conseguiram impulsionar as alocações nesta área. Um dos destaques, no último semestre, foi a Votorantim Asset Management (VAM), que aparece entre as que mais cresceram nesse segmento e que ocupa a quarta posição no ranking. Os títulos que compõem as carteiras de FIDCs da VAM são originados na BV Financeira, grande parte deles (85%) relativo ao financiamento de veículos. A asset começou a atuar nesse segmento entre 2004 e 2005, quando o mercado de securitização ainda era incipiente. Mas a atividade começou a ganhar impulso, de fato, a partir de 2006. Com a queda da taxa de juro, muitos investidores passaram a olhar para os papéis privados com mais apetite. “Trata-se de uma aplicação segura, dada a qualidade dos ativos gerados pela financeira do grupo”, diz Paulo Geraldo Oliveira Filho, diretor da VAM.

Fundos de terceiros – O Itaú continua na dianteira do segmento com uma boa folga do segundo colocado, com R$ 20,3 bilhões sob gestão, frente aos R$ 7,4 bilhões sob gestão da Bram, a segunda colocada. “Este é um segmento recente na Bram, que foi criado no ano passado. Implementado no primeiro semestre e estruturado no segundo, agora é que o produto vai vingar”, argumenta o superintendente comercial executivo da Bram, Adolfo Alviço. Ele destaca que a asset conta com uma boa estrutura institucional de clientes private e corporate que demanda este produto. “É uma área em que estamos focando bastante, prontos para buscar posições melhores”, completa. No Itaú esse produto é oferecido para alguns segmentos, principalmente para private, e apesar da alocação ter tido uma leve retração no segundo semestre, quando os ativos de risco sofreram bastante, principalmente os multimercados, o Itaú continua apostando no segmento. “A estratégia de investimentos em multimercados veio para ficar”, afirma Fonseca.

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