Patrimônio encolhe 4,37% | Queda acentuada da Bolsa e resgates motivados por maior aversão ao risco fazem gestoras perderem volume de recursos administrados no segundo semestre de 2008
Edição 201
Já era de se esperar. Depois de um período de cinco anos de pujança e fartura no mercado, o segundo semestre de 2008 foi marcado por uma série ininterrupta de más notícias que trouxeram volatilidade à Bolsa e aos títulos de renda fixa. Os temores se confirmaram e, pior, se traduziram em catástrofes maiores do que se poderia imaginar pouco tempo antes. E assim, a 23ª edição do ranking elaborado semestralmente por Investidor Institucional verificou uma queda no volume total sob gestão das assets. O montante, que somou R$ 1,314 trilhão em 31 de dezembro de 2008, é 4,37% inferior ao contabilizado seis meses antes.
No topo da lista, a BB Gestão de Recursos DTVM obteve um tímido avanço de 0,18% no patrimônio sob seu guarda-chuva na segunda metade do ano passado (ver ranking a partir da página 33). Embora bastante menor do que os crescimentos atingidos pela gestora nos últimos levantamentos, o resultado não pode ser considerado ruim em tempos de vacas magras, quando boa parte da indústria registrou perda de recursos. Alberto Monteiro de Queiroz Netto, presidente da BB DTVM, conta que se surpreendeu positivamente, por exemplo, com o fato de os investidores não terem feitos grandes saques das aplicações em renda variável. “Nesse segmento, a redução do volume se deu muito mais pela desvalorização dos ativos do que por resgates maciços. O investidor entendeu o momento e decidiu não realizar posições para não ter prejuízo”, destaca.
Netto afirma que nos investimentos em renda fixa e DI foi possível notar um movimento de retirada de recursos por clientes corporate e médias empresas. Para o presidente da BB DTVM, a escassez de recursos disponíveis para empréstimos e financiamentos à pessoa jurídica pode ter levado as empresas a sacar recursos dos fundos para poder viabilizar o andamento de seus próprios negócios. “Dada a diminuição de crédito no mercado, esse movimento é até legítimo”, comenta o presidente da gestora. Na classe dos fundos multimercados, o movimento sacador foi protagonizado, de acordo com o executivo, pelos clientes private.
Batendo a meta – Para Netto, não tem como dizer que o segundo semestre do ano passado não foi um período difícil e de muita tensão. “Foi um período de visão conservadora em relação à gestão e de estar muito atento aos movimentos de mercado doméstico e internacional. Mas no final, quando olhamos e vemos o retrato, ainda conseguimos crescer e ter uma posição de destaque na indústria nacional.” Mesmo na liderança do Top Asset e registrando crescimento no segundo semestre de 2008, Netto afirma que não é o caso de “ficar soltando fogos”, porque toda a indústria de fundos sofreu no período. O que não impediu, no entanto, que a BB DTVM ultrapassasse a marca de R$ 250 bilhões sob gestão em janeiro de 2009. O montante tinha sido estabelecido como meta pelo Banco do Brasil para a gestora em 2008, quando a instituição financeira completou 200 anos de operação. “Atrasamos o cumprimento da meta em um mês, mas diante de toda essa crise o fato de nós termos conseguido é bastante expressivo”, assinala.
E se houve resgates, também houve atração de novos recursos. Segundo Netto, as capturas mais relevantes foram entre os clientes de varejo (para fundos de índices de preços e prefixados) e as fundações. Netto destaca que o processo que a BB DTVM implementou no ano passado teve como frutos uma gestão segmentada aliada a uma distribuição por tipo de cliente. “Esses instrumentos foram muito importantes, em primeiro lugar, porque gestores focados em cada mercado têm o total domínio em operar esse determinado segmento em momentos de crise. Ao mesmo tempo, uma equipe de distribuição focada em nichos de clientes tem capacidade de traduzir esses momentos de dificuldade do mercado para o nosso grande distribuidor [o Banco do Brasil].” Ele diz ainda que essa distribuição segmentada, junto com a rede do Banco do Brasil, constrói uma capacidade de estar mais próximo do cliente com uma visão mais técnica