TA - Março/2009 - Base de Dezembro/2008

Cautela baliza novos aportes das fundações | Entidades não saem de posições em renda variável para evitar realização de prejuízo; dívida soberana rende bem

Edição 201

Os fundos de pensão não passaram ilesos pelo aprofundamento das turbulências no mercado acionário ocorrido na segunda metade de 2008.
Prova disso é que a BB Gestão de Recursos DTVM, que se manteve na liderança do ranking de gestoras que cuidam do dinheiro das fundações, viu seu patrimônio referente a este segmento de clientes cair 5,04% no segundo semestre do ano passado.
Carlos Massaru Takahashi, gerente executivo de gestão e produtos da BB DTVM, diz que o grande fator que provou essa queda no patrimônio sob gestão foi o próprio comportamento do mercado de renda variável no período analisado. “Algumas fundações fizeram a opção de ter uma exposição maior em renda variável e houve uma desvalorização dos ativos”, afirma. Apesar de terem mantido as posições em renda variável para não realizar prejuízos nem correr o risco de descasamento com seu ALM, os fundos de pensão assumiram uma posição mais cautelosa em relação aos novos aportes.
De acordo com Takahashi, os novos ingressos de recursos foram destinados principalmente a fundos de renda fixa mais focados em títulos públicos federais, além de CDBs. Esses fundos passaram a contar com uma política de gestão de prazos mais curtos, que permitissem uma movimentação mais rápida, e com isso foi possível manter as rentabilidades dos fundos aderentes ao seu benchmark.
Mas se por um lado a crise é uma dor de cabeça, por outro pode ser um prato cheio. A Atlântica Administradora de Recursos, asset mais focada em fundos de pensão de acordo com o ranking, obteve crescimento de 10,22% em volume de recursos sob gestão no período de seis meses encerrado em 31 de dezembro de 2008. De acordo com o gestor Fabrizio Dulcetti Neves, como a Atlântica tem carteiras referenciadas em dólar, a apreciação da moeda é um fator que vem exercendo impacto positivo sobre os investimentos. Além disso, por conta de questões regulatórias, os fundos da asset têm de ter boa parte de sua exposição em papéis da dívida soberana brasileira. “Com toda essa crise, a divida soberana brasileira tem apresentado condições de risco muito melhores que a maioria dos bancos AAA do mundo. Agora, os papéis soberanos de países bons pagadores são muito mais procurados, o que também contribui para o aumento de liquidez”, diz Neves. Ele afirma que a estratégia que rendeu à Atlântica bons resultados em 2008 (como retornos de 160% do CDI) foi implementada no ano anterior. “Achamos que o que aconteceu no ano passado ocorreria antes. O remédio passou a fazer efeito somente no segundo semestre de 2008, porque foi quando o paciente de fato ficou doente.”

Previdência aberta – A cautela, que já fazia parte da filosofia de gestão dos recursos de previdência aberta, ficou ainda mais acentuada no segundo semestre do ano passado. “Não se pode ser aventureiro com mandatos de preservação de capital. Decidimos já no início do segundo semestre de 2008 reduzir bastante o risco das carteiras. O mercado sofreu bastante, e nossa agilidade defensiva foi muito importante”, lembra Paulo Werneck, diretor da asset da Icatu Hartford. “Para 2009, a posição continua conservadora. Ainda não temos capacidade de prever o que vai sair dessa crise.”

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