Fundos multimercados assustam clientes private | Desempenho aquém do esperado e concorrência com CDBs contribuem para saques solicitados por clientes
Edição 201
Em um semestre em que a turbulência abalou a indústria de fundos, a aversão ao risco não distinguiu clientes de mais ou menos recursos para aplicar. Tanto o patrimônio do segmento private como o do middle private tiveram desempenho negativo nos últimos seis meses de 2008, com quedas de 16,07% e 24,77%, respectivamente. A concorrência dos Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) – que provocaram saídas dos fundos DI e de renda fixa –, além do desempenho ruim dos multimercados, foram os principais motivos para a baixa.
Estreante no topo do ranking da Investidor Institucional, a Sparta Administração de Recursos destoa desse cenário negativo. A empresa foi um dos destaques do segmento middle private, obtendo o primeiro lugar entre as assets mais focadas nesse cliente. Com patrimônio de R$ 234 milhões no ano passado, a rentabilidade de seus fundos foi o chamariz.
Os dois principais produtos da empresa, o Sparta Cíclico e o Sparta Anti- Cíclico subiram 116% e 48%, respectivamente. “Nossa vantagem é sermos um multimercado puro, pois investimos em 12 mercados e fazemos hedge para a nossa carteira de ações”, afirma Francisco Alves, um dos sócios da Sparta. O investidor middle private – que na Sparta é aquele que investe até R$ 1 milhão – é mais jovem e ousado, segundo o executivo. “Preferimos ter mais cotistas com aplicações menores que poucos com altos valores. Assim nosso passivo fica menos concentrado”, explica Ulisses Nehmi, também sócio da Sparta.
A Itaú Asset Management, segunda maior gestora do País entre as nacionais, manteve a liderança entre os clientes private (com investimentos superiores a R$ 3 milhões) e middle private (inferiores a R$ 3 milhões). Apesar disso, nos últimos seis meses de 2008 esse patrimônio caiu 3,86% e 21,42%, respectivamente. De acordo com Paulo Corchaki, diretor de investimentos da instituição, a redução também ocorreu por conta da migração para o CDB. Apesar da volatilidade de mercado, Corchaki lembra que não houve saques nos fundos de renda variável. “Inclusive, no caso dos clientes private, houve até compra de ações”, salienta. O desempenho da asset em multimercados também foi positivo, contrariando o que ocorreu na indústria. “No ano passado, nossa gestora teve sucesso incomum. O Itaú Hedge Multimercado teve captação positiva e performance de 170% do CDI. O patrimônio mais do que dobrou, chegando a R$ 900 milhões”. Segundo ele, isso ocorreu porque se trata de um produto que consegue “surfar” a onda de volatilidade.
Já na Verax Serviços Financeiros, o middle private é considerado o cliente com aplicações de até R$ 5 milhões. A gestora obteve o maior crescimento no setor durante o último semestre. “Trata-se de um investidor que muitas vezes está sendo atendido por uma plataforma de alta renda dos grandes bancos e sente a necessidade de atendimento mais personalizado”, afirma Marcelo Xandó, sócio da empresa. O patrimônio da Verax em middle private ficou em R$ 100 milhões no final de 2008, alta de 25% em seis meses.