Securitização desacelera diante de aversão ao risco | Apesar da oferta de ativos interessantes, apetite do investidor ainda é pequeno para agitar o mercado
Edição 201
Em contraste com o primeiro semestre de 2008, quando a classe de FIDCs obteve um crescimento de 74,53%, os últimos seis meses do ano passado não foram dos melhores, com uma alta de apenas 4,60%, devido a uma redução no ritmo de negócios a partir de setembro. “Foi quando o mercado de securitização começou a apresentar uma desaceleração em função da crise de crédito no exterior, impactando nos prêmios de risco e aumentando a aversão a risco”, avalia Bruno Amadei, diretor de gestão da CredCapital, asset que aparece como a mais focada do segmento, com todo o seu patrimônio alocado em FIDCs.
Mas isso não impediu que a Bram alcançasse um resultado positivo de 147,66% no segundo semestre de 2008, o crescimento mais expressivo na categoria. “Nesse período, poucos FIDCs foram objeto de oferta pública, mas ocorreram operações, tanto financeiras como para as empresas anteciparem fluxo de caixa, que não eram vendidas no mercado”, explica Ricardo Mizukawa, superintendente de produtos da asset. Com isso, a Bram encostou na líder UAM, e já soma R$ 9,262 bilhões em recursos na área.
Para Mizukawa, o segmento deve continuar crescendo, embora com uma mudança de perfil. “Essa indústria se caracteriza por a cada dois anos alterar a natureza do direito creditório. Em 2009 pode haver uma onda de FIDCs de crédito corporativo”, diz. Isso porque devido à crise e seus efeitos este pode ser o melhor instrumento para as empresas renovarem dividas já emitidas e prestes a vencer e para antecipação de receita futura para geração de caixa.
Já Amadei acredita que na primeira metade de 2009 o mercado deverá permanecer em um ritmo de acompanhamento. “Estamos vendo ótimos ativos hoje, mas ainda há pouco apetite por risco de crédito por parte dos investidores locais, o que deve gerar um mercado pouco ativo, mas com uma tendência de melhora no segundo semestre”, prevê.
Fundos de terceiros – Diretamente afetado pela crise financeira, o setor teve um desempenho negativo de 29,59% na segunda metade do ano passado. Porém, mesmo com essa queda, a Precision Asset Management, gestora mais focada em fundos de terceiros, com 87,5% de seu patrimônio aplicado na carteira, pretende continuar concentrada na categoria. “Continuaremos nessa linha porque temos conseguido gerar muitos ganhos além do nosso benchmark e diminuir a volatilidade dos fundos, procurando o efeito de diversificação no mercado, o que não é muito fácil, já que os fundos são muito correlacionados”, afirma Andre Schibuola, sócio-fundador da asset, que alcançou uma alta de 11,21% no segundo semestre de 2008. O executivo ainda aponta uma consolidação dos gestores e menos liquidez do que em anos anteriores como tendência para 2009.
A primeira colocação no ranking de fundos de terceiros coube novamente ao Itaú, com R$ 9,7 bilhões sob gestão, embora a diferença para a Bram, segunda colocada e atualmente com R$ 5,6 bilhões, tenha caído quase pela metade em relação à última edição do Top Asset.