ALM.FP - Julho/2009 - Base de Dezembro/2008

Uma curva descendente | Agravamento da crise global exerce impacto negativo sobre os investimentos dos fundos de pensão, principalmente em renda variável, e leva a uma baixa nas carteiras em 2008

Edição 205

O aprofundamento da crise financeira internacional contaminou o resultado dos fundos de pensão no ano passado, provocando perdas nas carteiras das fundações. Elas encerraram 2008 com R$ 419,22 bilhões, de acordo com levantamento realizado pela Abrapp, sendo que as 220 que participam do Top Atuarial representam ativos de R$ 409,10.As piores perdas podem ser observadas nos investimentos de renda variável. Dados do Top Atuarial dão conta de que o retorno das fundações na categoria ficou negativo em 29,70% no ano passado, contra rentabilidades positivas de 12,34% na renda fixa, 17,13% em imóveis e 11,70% em empréstimos a participantes. Entre os 10 melhores resultados da renda variável, apenas cinco são positivos. Os outros cinco são negativos.Dos R$ 342,52 bilhões em ativos das fundações que enviaram informações completas para a elaboração do ranking, R$ 213,09 bilhões (ou 62,21%) estavam alocados em renda fixa. Apesar de toda a turbulência, não se pode negar que a renda variável ocupou uma fatia relevante das aplicações destes fundos de pensão, com 31,64% ao final do ano passado. Os investimentos em imóveis alcançaram a marca de R$ 11,37 bilhões em 2008 (3,32% do total das carteiras), ao passo que os empréstimos a participantes somaram R$ 9,67 bilhões.O maior fundo de pensão do Brasil, é claro, tem as carteiras mais volumosas de renda fixa, renda variável, imóveis e empréstimos aos participantes. A novidade é que, devido aos efeitos da crise no mercado acionário brasileiro, a carteira de renda variável da Previ encolheu, enquanto as outras cresceram na comparação com os dados de 2007. Na renda fixa, o aumento foi de R$ 37,28 bilhões no ano anterior para R$ 43, 66 bilhões em 2008; os recursos aplicados em imóveis passaram de R$ 2, 91 bilhões a R$ 3,25 bilhões, e os empréstimos a participantes subiram de R$ 2,76 bilhões para R$ 3,25 bilhões. A carteira de renda variável da Previ, por sua vez, despencou de um montante de R$ 93,82 bilhões ao final de 2007 para R$ 66,50 bilhões no ano passado.
Rentabilidade – Por incrível que pareça, no ano em que o Índice Bovespa registrou queda acumulada de 41,2% houve quem conseguiu ficar no azul até no que se refere ao retorno das aplicações em renda variável. É o caso, por exemplo, da Banorte, cuja carteira teve rentabilidade de 20,78% em 2008. Mesmo assim, não é de se estranhar que, entre as dez fundações que obtiveram os melhores desempenhos em renda variável no ano passado, cinco tenham ficado no zero a zero.Na renda fixa, a liderança entre os retornos ficou a cargo da OABPrev-RJ, com significativos 83,04%. Em seguida, despontaram BB Previdência, com rentabilidade de 37,68%, Portus, com 26,70%, e Fundação Cesp, com 17, 80%. Em imóveis, o Agros ficou no topo da lista de resultados com 136, 52% de retorno. O segundo lugar foi ocupado pela Fundação Cesp, com 100,20%, e o terceiro pela Real Grandeza, com 99,41%. A rentabilidade de 38,43% garantiu ao Portus o lugar mais alto do pódio de empréstimos a participantes. A Fundação Technos de Previdência Social veio em seguida, com 34,71%.No rendimento da carteira como um todo, a campeã foi a PrevCummins, que obteve retorno de 18,43%. Entre as entidades com os dez melhores resultados, a Isbre ficou em último lugar, com rentabilidade de 13% no ano passado.
Superávit – Apesar de ter encolhido de R$ 52,93 bilhões ao final de 2007 para R$ 32,20 bilhões um ano depois, o superávit de Previ continua sendo o maior do sistema fechado de previdência complementar. A Centrus permanece na segunda posição, com saldo de 1,76 bilhão em 2008 (contra R$ 3,40 bilhões no ano anterior), mas houve mudanças de posição no restante do ranking em relação ao levantamento anterior.A Fundação Real Grandeza, por exemplo, ficou com o terceiro maior superávit no ano passado (R$ 1,10 bilhão), e ocupava a oitava colocação em 2007 (R$ 734,09 milhões). A Sistel, com R$ 932,74 milhões em 2008, caiu da terceira para quarta posição, e a Valia, que tinha o quarto maior superávit em 2007, nem apareceu entre as dez mais no ano passado. O contrário aconteceu com a Fundação Attilio Fontana, por exemplo,que passou a figurar entre as dez entidades com maior superávit, tomando o oitavo lugar no ranking referente a 2008.
Para entender o ranking Top Atuarial Este ranking apresenta as informações dos fundos de pensão brasileiros referenciadas na data de dezembro de 2008, sendo que a maioria delas nos foram enviadas pelas próprias fundações e algumas colhemos nos sites das entidades ou nos relatórios da Abrapp. Sobre algumas fundações, de pequeno porte, não conseguimos obter informações e por isso não estão rankeadas.Para entender os perfis publicados no ranking a seguir, leia nos parágrafos abaixo o significado de cada abreviatura usada, assim como o significado dos números que acompanham o nome de cada dirigente: No item investimentos, o primeiro número expressa o valor em R$ do programa de investimentos e o percentual que aparece ao lado (em branco, sobre a caixa verde) refere-se ao crescimento apresentado pela fundação em relação a dezembro de 2007, ou seja, num período de 12 meses. Abaixo, as abreviaturas RF, RV, IM e EP significam Renda Fixa, Renda Variável, Imóveis e Empréstimos aos Participantes, respectivamente, e indicam quanto dos investimentos totais estão alocados em cada carteira. As abreviaturas BD, CD e CV significam planos de Benefício Definido, de Contribuição Definida e de Contribuição Variável, respectivamente, e indicam quanto dos investimentos totais estão alocados em cada modalidade de plano.No item rentabilidade, o primeiro número refere-se ao rendimento médio no ano e o número à direita (em branco, sobre a caixa verde) mostra a evolução em relação ao ano anterior, em pontos percentuais (pp). Abaixo, há indicações das rentabilidades das carteiras de RF, RV, IM e EP, assim como das rentabilidades dos planos de BD, CD e CV no ano.A linha inferior mostra quais são as metas atuariais da fundação, sendo que Meta At. BD significa a meta atuarial adotada para os planos de benefício definido e Meta At. CV significa o mesmo para os planos de contribuição definida.No item superávit/déficit, o primeiro número expressa o valor em R$ apurado no ano e o percentual que segue ao lado (em branco, sobre a caixa verde) refere-se à sua evolução em relação ao ano anterior. Na linha abaixo, mostramos qual o percentual desse superávit ou desse déficit que foi gerado por planos BD e qual o percentual foi gerado por planos CV.As linhas inferiores mostram os percentuais de recursos que estão sendo entregues à gestão terceirizada, os percentuais de recursos que estão aplicados em fundos de investimento (abertos e fechados), assim como o nome dos principais gestores.Em participantes, o primeiro número indica o total de participantes e ao lado (em branco, sobre a caixa verde) a variação em relação ao ano anterior.Abaixo, mostramos os percentuais de ativos e de assistidos, assim como dos inscritos nos planos BD, CD e CV. Também informamos qual a tábua atuarial (Tábua At.) adotada pela fundação para os planos BD e CV.No último item do perfil, damos o nome da principal patrocinadora (no caso de multipatrocinadas não há uma patrocinadora principal, então apresentamos como multiplanos) e a participação que ela representa no valor total dos recursos.Informamos abaixo os nomes do presidente, diretor de investimentos e diretor de benefícios, seguidos por dois números, o primeiro indicando há quantos anos ele está na diretoria da fundação e o segundo há quantos anos ele está no cargo. O sim ou não que segue os números indica se ele é ou não é participante da fundação.

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