TA - Agosto/2009 - Base de Junho/2009

Patrimônio em recuperação | Volume de gestão de recursos de terceiros tem melhora em relação ao segundo semestre de 2008; BB DTVM e Itaú Unibanco disparam na liderança do ranking

Edição 206

A consolidação do setor bancário brasileiro já exerce seus impactos sobre o mercado de gestão de recursos. Enquanto a BB DTVM viu seu patrimônio engordar com a aquisição da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil, a fusão com o Unibanco (e a consequente integração com a UAM) não deixou por menos e contribuiu para elevar o montante gerido pelo Itaú.Dados do Top Asset referente ao primeiro semestre de 2009 indicam que a BB DTVM continua em primeiro lugar, com R$ 293,89 bilhões sob gestão, contra R$ 245,88 bilhões em igual período do ano passado. Em segundo está o Itaú, com R$ 286,91 bilhões, ante R$ 206,01 bilhões nos seis primeiros meses de 2008. De janeiro a junho do ano passado, a Nossa Caixa contava com R$ 24,38 bilhões e a UAM, com R$ 70,16 bilhões.João Ayres Rabello Filho, presidente da BB Gestão de Recursos DTVM, afirma que, com a aquisição da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil, a gestora incorpora um volume considerável de R$ 29 bilhões em ativos, além uma base nova de clientes. “Além de incorporarmos a gestão de fundos da Nossa Caixa à estrutura da BB DTVM, contaremos com a rede da instituição para vender nossos fundos”, informa Rabello, que acrescenta que até o final do ano todos os fundos da Nossa Caixa estarão sendo geridos pela BB DTVM. O executivo afirma que o portfólio de fundos da BB é mais completo que o da Nossa Caixa. Isto porque, diz Rabello, os fundos da Nossa Caixa são metade de governos e prefeituras e metade DI e renda fixa, enquanto o Banco do Brasil já vem trabalhando de forma crescente outros tipos de produtos, inclusive com parcerias no mercado. “O portfólio mais amplo com certeza será mais útil para o cliente da Nossa Caixa”, estima.Rabello indica que, agora, a idéia não é crescer por meio de novas aquisições. Segundo o executivo, a estratégia da BB DTVM é de buscar atuação em mercados nos quais a gestora não tem trabalhado com afinco e de estabelecer mais parcerias para fazer alocações em terceiros, como bancos estrangeiros e nacionais. “Estamos em busca de especialização, de produtos em que outros bancos e gestoras tenham algum tipo de expertise”, adianta. Segundo o executivo, está nos planos da gestora para esse segundo semestre estudar melhor a forma com que a BB DTVM se posicionará nessas parcerias. Ele acrescenta que, em resumo, a idéia é crescer organicamente por meio de parcerias e especialização, além da criação de novos produtos dentro do BB.
Timing – Apesar de ainda ter sido inferior ao verificado no primeiro semestre do ano passado, quando a crise financeira ainda não tinha vivido seus piores dias, o volume total de recursos sob gestão das assets registrou crescimento em relação ao período de julho a dezembro de 2008. De janeiro a junho de 2009, o montante chegou a R$ 1,41 trilhão, contra R$ 1,31 trilhão no segundo semestre do ano passado e R$ 1,42 trilhão na primeira metade de 2008.Para Alexandre Mathias, diretor de distribuição e gestão de mandatos exclusivos do Itaú Unibanco, o primeiro semestre foi um período difícil no que se refere a tomadas de decisão, em especial nos três ou quatro meses iniciais. Isto porque, segundo ele, 2009 começou na esteira da pior crise que essa geração de gestores já enfrentou. “Mas havia no final do ano passado uma perspectiva, que foi se confirmando no primeiro trimestre desse ano, de que o pior momento teria passado. Na medida em que surgiu a percepção de que não haveria um problema de quebra dos sistemas financeiros norte-americano e global, a aversão ao risco começou a diminuir e a permitir que os mercados iniciassem uma diferenciação”, analisa.Mathias aponta que, dessa forma, o grande desafio da gestão no primeiro semestre foi identificar que era preciso sair da lógica de aversão ao risco para a lógica de um pouco mais de liquidez e de colocar risco nos portfólios, sendo os ativos brasileiros em geral favorecidos nessa estratégia. “Especificamente em renda fixa, o desafio foi perceber que os cenários global e interno abriram um espaço bastante importante para a queda das taxas de juros. O mercado foi percebendo isso etapa por etapa, o próprio Copom [Comitê de Política Monetária] foi tateando”, comenta.Em resumo, Mathias afirma que o primeiro semestre de 2009 foi um período de remuneração do risco. “Quem correu risco se deu bem, e quem foi mais hábil e rápido em identificar que o mercado estava aberto para a recuperação se saiu melhor.”
Nichos – Um movimento verificado com base nos dados do Top Asset é o crescimento das aplicações em veículos específicos, que estejam ligados a uma maior determinação, por parte do investidor, dos ativos que ele deseja manter em carteira. Enquanto os fundos abertos registraram crescimento de apenas 1,67% nos doze meses encerrados em 30 de junho de 2009, fundos menos generalistas tiveram alta bastante superior.Esse é o caso, por exemplo, dos fundos de private equity e venture capital (com elevação de 54,08% em doze meses), dos fundos exclusivos (18,01%), dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs, com alta de 133,18%) e dos fundos imobiliários (24,69%).Para Rabello, da BB DTVM, esse movimento mostra uma tendência de busca por mais retorno e de sair do tradicional. Ele acrescenta que o que deve mudar ao longo do tempo é a questão da liquidez. “Liquidez não tem prêmio. Se o investidor quer liquidez, tem de ir para fundos que apresentem retornos relativamente menores. Já os fundos de mais prazo, como os de private equity e venture capital, FIDCs e imobiliários, tendem a remunerar um pouco melhor desde que o investidor mantenha seus recursos por mais tempo”, assinala.Segundo o executivo, as aplicações nesses fundos mais direcionados vinham em um ritmo crescente até julho do ano passado, mas a tendência foi interrompida pela crise. Agora, o movimento está sendo retomado. Rabello ressalva que apesar de os percentuais de crescimento desses fundos serem grandes, a base é pequena. “Mas ela tende a crescer.”
Nova realidade – Para Mathias, do Itaú Unibanco, o Brasil está finalmente triunfando sobre a inflação, e isso está sendo refletido nos cortes dos juros. “Estamos virando um país estável. Só que há muitas coisas na cabeça do investidor, do gestor e de todo mundo que atua no mercado que não estão totalmente parametrizadas com o perfil de um país estável. A primeira é que a nossa meta de inflação ainda é alta para os padrões internacionais. A segunda se refere ao CDI. O mercado de investimentos no Brasil usa como benchmark a taxa de juros overnight, porque historicamente ela paga um juro elevado. Mas agora, a taxa overnight está caindo, e é muito provável que ela caia ainda mais.” Mathias comenta que, por uma deformação de mercado, grande parte do mercado brasileiro ainda tem CDI como benchmark. Diante disso, ele acredita que nos próximos dois ou três anos o mercado passará por um processo de perda de relevância do CDI em prol de outros parâmetros.Segundo o executivo, ao longo dessa mudança os investidores vão caminhar para aplicações com outro perfil de risco. “No caso das fundações, há uma busca por ativos alternativos que remunerem bem frente às metas atuariais. Está em curso toda uma migração do Brasil de um cenário de inflação alta e crônica para uma situação de inflação baixa e estável. Estamos, talvez, no um terço final da normalização das condições de investimento do País.”
Para ler e entender o ranking – As informações apresentadas neste 24º Ranking Top Asset representam a posição de cada gestor no dia 30 de junho de 2009 e foram prestadas diretamente pelos gestores à nossa área de pesquisa. O ranking engloba unicamente os recursos discricionários administrados pela asset, ou seja, aqueles sobre os quais ela possui mandato do cliente para movimentar.– No quadro Raio X do Mercado””, para determinar o crescimento do volume total sob gestão, assim como em cada categoria específica, expurgamos os efeitos da entrada de novas assets de uma edição para outra, de tal forma que o percentual de crescimento em 6 e em 12 meses possa refletir mais fielmente o mercado.– Controle nacional, estrangeiro ou misto: consideramos controle nacional quando o comando está claramente definido em mãos de um grupo nacional e não apenas quando o registro da empresa é local

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