Crédito privado ganha espaço na renda fixa | Crise gerou oportunidades de ganho para quem aumentou as posições em pré-fixados no período mais complicado
Edição 208
Com cinco fundos de renda fixa classificados como excelentes, a Bradesco Asset Management (Bram) ficou com a liderança neste segmento no ranking. Segundo Luis Roberto Zaratin Soares, superintendente executivo de renda fixa e multimercados da gestora, a estratégia em fundos DI foi aproveitar as oportunidades de mercado, sair de crédito privado durante o período mais agudo da crise e retornar a esses títulos quando os prêmios começaram a subir novamente.“Tínhamos uma situação de carteira na qual havia um caixa mais alto, então decidimos não comprar emissões de títulos privados antes das desvalorizações acontecerem. Fizemos isso depois das desvalorizações, quando os prêmios começaram a subir, durante os meses de dezembro e janeiro, especialmente”, explica Zaratin, lembrando que essa foi a estratégia do fundo Bradesco FI Referenciado DI Premium. Quanto aos demais, o Bradesco FI RF Target I e o Bram FI RF Target, a tática foi realizar termo de ações, um contrato com uma contraparte garantido pela Bolsa, no qual o investidor cede as ações e se compromete a recomprá- las no futuro, pagando uma taxa de juros por isso.“Muitas operações são antecipadas e o investidor acaba recebendo o prêmio todo de uma vez só. Então, por exemplo, o prêmio que você tinha para receber em 90 dias, recebe em 60 dias. Como aí fica uma taxa de juros muito alta, o resultado passa para a carteira. Essa é a estratégia do Target e do Target I, cuja diferença é apenas a taxa de administração”, afirma o executivo. Eventualmente, esses dois fundos realizam operações pré-fixadas, mas apenas quando a equipe da Bram acha que “o mercado exagerou”. “São operações pontuais, não corriqueiras na carteira. Os fundos se aproveitaram da queda dos juros, mas esse não é o foco”, diz.Para os próximos meses, Zaratin acredita que os fundos Target manterão sua estratégia de realizar termos de ação. Contudo, não estão fazendo operações pré-fixadas atualmente.“Achamos que o momento é de volatilidade para a curva de juros, então a gente prefere ficar de fora. Em compensação, com o termo de ações, como não vislumbramos alta da taxa de juros nos próximos seis meses, continuamos com a estratégia”, completa o executivo. No fundo DI, a tática da Bram por enquanto também permanecerá a mesma.
Estratégias complementares – Com três fundos considerados excelentes, o HSBC ficou em terceiro lugar no ranking de fundos de renda fixa. Mario Felisberto, diretor de Investimentos da HSBC Global Asset Management, conta que o HSBC FI RF Amazonas e o HSBC FI RF Reno têm uma carteira- base que tende a replicar seus benchmarks (IRF-M no caso do Amazonas e IMA-B para o Reno) e, sobre ela, são tomadas posições em títulos públicos. “A estratégia adotada foi de sermos conservadores antes da crise, aumentarmos as posições em pré-fixados durante a crise e voltarmos, depois, para uma posição moderada”, diz Felisberto.O outro fundo considerado excelente, o HSBC FI RF Crédito Privado LP Performance, tem uma estratégia diferente dos outros dois. “Nele não há o risco de mercado – o fundo não fez posições pré-fixadas”, indica o executivo. “O que ele tem é o lado do crédito, e foi o Performance que capturou, por exemplo, oportunidades em papéis como debêntures e DPGEs [Depósitos a Prazo com Garantia Especial] no primeiro semestre deste ano”, explica Felisberto.