Retomada de patrimônio | Recuperação da renda variável aliada a bom desempenho em renda fixa, imóveis e operações com participantes leva fundações a obter resultados mais que satisfatórios no ano passado
Edição 217
A carteira de renda variável fez a grande diferença no desempenho dos investimentos dos fundos de pensão no ano passado. Depois de um 2008 de crise financeira internacional e perdas nas bolsas de valores de todo o mundo, 2009 significou mais do que recuperação no segmento. De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), o sistema encerrou o ano passado com R$ 492,13 bilhões em recursos, um salto de quase 18% em relação aos R$ 419,23 registrados ao final de 2008.
As 252 fundações participantes desta edição do ranking Top Atuarial somavam, em dezembro de 2009, patrimônio de R$ 477,37 bilhões. No levantamento anterior, referente a 2008 e do qual fizeram parte 220 fundos de pensão, os ativos chegaram ao patamar de R$ 409,10 bilhões.
Ao contrário do que ocorreu no ano anterior, quando os investimentos em ações foram responsáveis pela deterioração do desempenho, em 2009 a renda variável ajudou a puxar os resultados para cima. Basta dizer que o Ibovespa encerrou 2008 com baixa acumulada de 41,2%. No ano passado, o índice atingiu alta acumulada de 82,6%. Entre as classes de ativos analisadas no Top Atuarial, a renda variável foi a que apresentou maior retorno no ano passado, com 331,43% de ganhos para a Múltipla, a primeira colocada no segmento. A maior rentabilidade em renda fixa também foi a Múltipla, com 58,30% em 2009.
A pesquisa realizada por Investidor Institucional mostra que, no ano passado, as entidades fechadas que obtiveram maior rentabilidade global foram Múltipla, com retorno de 66,70%, CBS Previdência, com 54,35%, Derminas, com 33,61%, Prevhab, com 31,31%, Fapa, com 29,76%, Preveme, com 28,45%, Previ, com 28,21%, OABPrev-RJ, com 26,53%, Geiprev, com 26,17%, e Agros, com 26,10%.
Renda variável – O fato de a Bolsa ter se recuperado de forma bastante consistente no ano passado não é o único responsável pela boa performance que as fundações mostraram em 2009. Isso porque muitas carteiras de renda variável tiveram rendimento bastante acima da já surpreendente alta do Ibovespa, superior a 80%. Os dez fundos de pensão com a melhor rentabilidade em renda variável registraram ganhos superiores aos do Ibovespa. São eles: Múltipla, com retorno de 331,43% no segmento, OABPrev-RJ, com 152,26%, CBS Previdência, com 107,53%, Faceal, com 98,77%, Mendesprev, com 98,40%, Fabasa, com 94,84%, Faelce, com 93,51%, Itaúsa Industrial, com 93,10%, Derminas, com 92,24%, e Eletra, com 86,49%.
No levantamento anterior, referente a 2008, o maior retorno em renda variável foi de 20,78%, da Banorte. A OABPrev-RJ, que assim como em 2009 também figurava entre as dez fundações com maior ganho no segmento, registrou um ganho de 16,96% em 2008. O curioso é que, na edição passada do Top Atuarial, metade das dez entidades com melhor desempenho em renda variável registrou perda com os investimentos nesta classe de ativos, e não ganhos.
Renda fixa – A Múltipla também ficou com a maior rentabilidade na renda fixa, com 58,30% no ano passado, seguida por Elos, com 19,66%, Facepi, com 19,07%, PSS, com 18,33%, Faelba, com 18,14%, OABPrev-GO, com 17,75%, Fapa, com 17,72%, Eletra, com 16,33%, Capef, com 16,11%, e Fapes, com 16,10%. Diferentemente do que ocorreu na renda variável, os retornos da renda fixa ficaram inferiores ao do levantamento anterior, pelo menos no que se refere às dez carteiras mais rentáveis. Para se ter uma ideia, a primeira colocada na pesquisa referente a 2008 foi a OABPrev-RJ, com ganho de 83,04% no segmento.
De acordo com dados da Abrapp, a participação da renda fixa nos investimentos dos recursos dos fundos de pensão caiu no ano passado em relação a 2008, passando de 64,8% da carteira para 59,3% em 2009. O oposto ocorreu com a renda variável, que evoluiu de uma exposição de 28% em 2008 para 33,3% no ano passado.
Imóveis – Outro segmento que apresentou bons retornos no ano passado mas ficou abaixo de 2008 foi o de imóveis. Dados da edição anterior do Top Atuarial dão conta de que, naquele ano, a maior rentabilidade em investimentos imobiliários bateu na casa dos 136,52% – no caso, a carteira era da Agros. No ano passado, o topo da lista ficou com a PrevCummins, que conseguiu retorno de 81,33% no segmento – desempenho também bastante positivo, apesar de ser inferior ao do ano anterior. A fundação, neste levantamento, veio seguida por Comprev, com 60,01%, Prevhab, com 58,36%, Desban, com 49,97%, Previnorte, com 45,34%, Abrilprev, com 43,51%, Cabec, com 37,77%, Brasiletros, com 32,62%, Fapes, com 30,90%, e Fundação Cesp, com 30,77%. Os dados da Abrapp indicam que a participação dos imóveis nas carteiras das entidades fechadas de previdência complementar manteve-se praticamente estável, ao redor de 3%, entre 2008 e 2009. Vale lembrar que, de acordo com a Resolução número 3.792 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que trata dos investimentos dos fundos de pensão, o limite máximo para aplicação nessa classe de ativos é de 8%. Esse mesmo teto já era fixado na regra anterior a CMN 3.456, substituída pela 3.792 no ano passado.
Operações com participantes – No caso dos empréstimos a participantes dos fundos de pensão, a rentabilidade ficou parecida, no ano passado, com a registrada em 2008. No Top Atuarial referente a 2009, que alcançou o maior resultado neste segmento foi a Fundiágua, com ganho de 33,29%. Logo atrás vieram Funcasal, com 29,55%, Mendesprev, com 27,99%, Fundação Corsan, com 26,20%, SIAS, com 23,08%, Celpos, com 22,45%, Bandeprev, com 22,01%, Funsejem, com 21,98%, Capaf, com 21,86%, e CBS Previdência, com 21,25%. Na pequisa com informações de 2008, quem ficou na liderança neste segmento foi a Portus, com 38,43% de rentabilidade em empréstimos aos participantes. A categoria também continuou praticamente com a mesma fatia dos recursos dos fundos de pensão nos últimos dois anos – segundo dados da Abrapp, essa participação beirou os 2,5%.
Superávit – O Top Atuarial de Investidor Institucional também mostra números referentes aos superávits e déficits dos planos de benefícios. Em relação ao levantamento anterior, algumas mudanças puderam ser constatadas. Um exemplo é a Funcef, que reportou um saldo positivo de R$ 2,26 bilhões no ano passado, o segundo maior do ranking, e não havia figurado entre as dez fundações com maior superávit da pesquisa anterior. Valia e Fapes também não estavam entre as dez na pesquisa referente a 2008 e passaram a integrar a lista. Já a Real Grandeza caiu da terceira para a quinta posição, enquanto a Sistel pulou da quarta para a terceira no Top Atuarial mais recente. Deixaram o grupo dos dez mais a Fundação Attilio Fontana e a Previrb. Já a Centrus, que ocupava o segundo posto no ranking dos dez maiores superávits na edição anterior, não respondeu ao questionário este ano. Em primeiro lugar na relação dos maiores superávits está, como sempre, a Previ – saldo este que está sendo alvo de disputa entre os participantes e a patrocinadora, o Banco do Brasil. Vamos ver como ficará o ranking no ano que vem. Para entender o ranking Top Atuarial Este ranking apresenta as informações dos fundos de pensão brasileiros referenciadas na data de dezembro de 2009, sendo que a maioria delas nos foram enviadas pelas próprias fundações e algumas colhemos nas estatísticas da Abrapp. Para entender os perfis publicados no ranking a seguir, leia nos parágrafos abaixo o significado de cada abreviatura usada, assim como o significado dos números que acompanham o nome de cada dirigente: No item investimentos, o primeiro número expressa o valor em R$ do programa de investimentos e o percentual que aparece ao lado (em branco, sobre a caixa verde) refere-se ao crescimento apresentado pela fundação em relação a dezembro de 2008, ou seja, num período de 12 meses. Abaixo, as abreviaturas RF, RV, IM e EP significam Renda Fixa, Renda Variável, Imóveis e Empréstimos aos Participantes, respectivamente, e indicam quanto dos investimentos totais estão alocados em cada carteira. As abreviaturas BD, CD e CV significam planos de Benefício Definido, de Contribuição Definida e de Contribuição Variável, respectivamente, e indicam quanto dos investimentos totais estão alocados em cada modalidade de plano. No item rentabilidade, o primeiro número refere-se ao rendimento médio no ano e o número à direita (em branco, sobre a caixa verde) mostra a evolução em relação ao ano anterior, em pontos percentuais (pp). Abaixo, há indicações das rentabilidades das carteiras de RF, RV, IM e EP, assim como das rentabilidades dos planos de BD, CD e CV no ano. No item superávit/déficit, o primeiro número expressa o valor em R$ apurado no ano e o percentual que segue ao lado (em branco, sobre a caixa verde) refere-se à sua evolução em relação ao ano anterior. Na linha abaixo, mostramos qual o percentual desse superávit ou desse déficit que foi gerado por planos BD e qual o percentual foi gerado por planos CV. As linhas inferiores mostram os percentuais de recursos que estão sendo entregues à gestão terceirizada, a evolução em 12 meses (em pontos percentuais), assim como o nome dos principais gestores. Em participantes, o primeiro número indica o total de participantes e ao lado (em branco, sobre a caixa verde) a variação em relação ao ano anterior. Abaixo, mostramos os percentuais de ativos e de assistidos, assim como dos inscritos nos planos BD, CD e CV. No último item do perfil, damos o nome da principal patrocinadora e a participação que ela representa no valor total dos recursos. Informamos abaixo os nomes do presidente, diretor de investimentos e diretor de benefícios, seguidos por dois números, o primeiro indicando há quantos anos ele está na diretoria da fundação e o segundo há quantos anos ele está no cargo. O sim ou não que segue os números indica se ele é ou não é participante da fundação.