MF - Outubro/2010 - Base de Junho/2010

Itaú ganha com alta da inflação | Crédito privado e proteção contra elevação de juros garantem sucesso da instituição em renda fixa

Edição 220

 

A união de três estratégias para os distintos momentos pelos quais a economia passou entre julho do ano passado e 30 de junho deste ano garantiu ao Itaú Unibanco a segunda posição no ranking de renda fixa, com cinco fundos classificados como excelentes. Segundo o superintendente de renda fixa da asset, Ronaldo Patah, a primeira e principal estratégia foi a adequação do posicionamento das aplicações em juros pré ou pós fixados conforme a crença de que as taxas subiriam ou cairiam. Isso foi aliado a aplicações em crédito e em papéis atrelados a índices de preços, como o título público NTN-B, indexado ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
“Acredito que a boa colocação foi uma soma desses acertos”, diz Patah, referindo-se a um possível posicionamento correto em relação ao aumento das taxas de juros um pouco antes do mercado e a permanência com uma alta alocação em papéis atrelados a inflação no primeiro trimestre de 2010. “Além disso, também nos beneficiamos de termos aumentado as posições em CDBs [Certificados de Depósitos Bancários] e Letras Financeiras (LFs)”, afirma.
Sobre o primeiro acerto, Patah lembra que junho de 2009 foi o último mês em que o Banco Central (BC) cortou a taxa básica de juros, que ficou estável até março deste ano, voltando a subir em abril, junho e julho.
“Desde setembro de 2009, com mais força no último trimestre, começamos a perceber que o BC teria que subir os juros em abril ou março. Foi quando os fundos saíram de qualquer posição pré-fixada para se posicionarem para uma alta de juros”, recorda. Além disso, nesse período foram tomadas estratégias no mercado futuro e em opções de juros apostando nessa alta, que não veio em março, como esperava a instituição, mas sim no mês seguinte. “Esse adiamento nos atrapalhou um pouco, mas chegou em abril, o que foi benéfico para nossas posições”, constata.
No crédito, a instituição viu uma oportunidade com a retirada de medidas de incentivos do Banco Central ao sistema financeiro, como o retorno dos depósitos compulsórios. Com isso, a instituição aumentou sua exposição aos CDBs para aproveitar a alta das taxas. Além disso, conta Patah, a asset também tem investimentos em LFs. “Nossa participação em debêntures tem sido mais escassa, uma vez que tem havido pouca emissões por empresas e as taxas não estão tão atraentes. Nessa situação, acabamos optando por entrar nas LF”, aponta.

Juro alto – Para o próximo ano, a expectativa do superintendente é que a Selic volte a subir. Para Patah, o cenário atual está muito parecido com o visto no fim do ano passado, com perspectiva de alta de juros por volta de abril, o que também leva a uma semelhança no tipo de alocação.
“Olhando para o fim de 2011, acreditamos que a alta dos juros neste ano ainda não seja suficiente para que a inflação esteja de volta à meta”, acredita. A perspectiva da asset é que, neste ano, a inflação encerre em 5,5%, com uma repetição do índice no ano que vem. “Ou seja, ainda será um ponto percentual acima dos 4,5% , e o BC terá que agir para trazê-la de volta para esse centro da meta”, conclui.
Com essa análise, a aposta atual é de posicionamento em índices de preços. O executivo afirma que, ao longo deste ano, a asset manteve uma alocação grande nesse tipo de investimento, como as NTN-Bs. “O primeiro trimestre de 2010 estava apresentando uma inflação bastante alta, de 2%.
Nossa análise nos leva a crer que há uma probabilidade grande de o indicador vir a 1,5% no quarto trimestre do ano e também no primeiro de 2011”, projeta. Por conta disso, o Itaú deverá evitar posições pré-fixadas nos juros curtos, de até um ano.
A expectativa de alta da inflação levou também a um “erro de interpretação” da ação que o BC iria tomar no meio do ano. Segundo Patah, a projeção do Itaú Unibanco era de que haveria mais uma alta na taxa de juros em agosto, mas o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por mantê-la estável. “Imaginávamos que fosse continuar a trajetória de alta. Lemos a ata da reunião do Copom, lemos o relatório de inflação e pareceu claro que se daria continuidade à subida dos juros, mas aconteceu o contrário do que entendemos. Houve um erro de interpretação nesse período de julho e agosto”, assume.
Com a expectativa da alta dos juros no início do próximo ano, a asset já se posiciona para aproveitar esse movimento. “No crédito, se as taxas das debêntures voltarem a ser atrativas, podemos aumentar nossa participação. Porém, olhando de hoje, não parece que isso irá acontecer”, completa.

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