TA - Março/2011 - Base de Dezembro/2010

Fundos exclusivos se destacam no ano | Fundos de private equity e venture capital também registraram crescimento expressivo em 2010

Edição 224

O crescimento do patrimônio total sob administração das assets passa, em grande parte, pela expansão dos fundos exclusivos. O segmento, que já tinha uma representatividade de 39% em 2009, ganhou ainda mais espaço e, no fechamento de 2010, chegou a 42% de participação, com uma alta de 25,2% no ano, a R$ 821,73 bilhões.
A BB DTVM teve um incremento no seu número de clientes graças à expansão da economia, que beneficiou a conquista de clientes do segmento corporate, e à uma reestruturação interna, que levou a um aumento nos seus clientes institucionais. A asset é líder no segmento com R$ 273,29 bilhões e alta de 60% em 2010.
Segundo o presidente da gestora, Carlos Massaru Takahashi, com a expansão da economia no ano passado, as empresas se viram com um crescimento intenso do próprio caixa. “Esses clientes corporate, com caixas robustos, passaram então a procurar opções de investimentos que oferecesse liquidez diária, sem perder a rentabilidade, e viram uma ótima opção nos fundos exclusivos.” Já para ganhar licitações de contas das fundações, a asset passou por uma reestruturação. “Houve um trabalho de ajustes na empresa, envolvendo todo o processo de gestão de risco e compliance”, afirma Takahashi. Além disso, a instituição promoveu uma aproximação das áreas de pesquisa e análise com a área de gestão. “Hoje, a equipe de análise de crédito é integrada com a gestão de renda fixa, e a equipe de análise fundamentalista é acoplada à renda variável. Obviamente é importante também o histórico acumulado, com performance consistente ao longo do tempo”, ressalva.
No Itaú Unibanco, a divisão que permite uma área focada nos mandatos exclusivos, reunindo gestão e área comercial, é a grande responsável pelos bons resultados. “Isso cria uma unidade com velocidade de reação maior que, nesse mundo de institucional, acaba sendo um diferencial”, afirma o diretor de distribuição e gestão de mandatos exclusivos do Itaú Unibanco, Alexandre Mathias. “Esse é um mundo muito pormenorizado, com perfis muito diferentes. Tendo essa estrutura dedicada é possível oferecer um atendimento diferenciado, que gera uma grande sinergia e traz resultados.” O Itaú é o segundo no segmento, com um patrimônio de R$ 115,34 bilhões, alta de 12,6% no ano.
Do lado do Santander, quarta posição no segmento, o principal motivo de sucesso é creditado à leitura de mercado. Para Eduardo Castro, superintendente-executivo de gestão de recursos da instituição, no ambiente de volatilidade que se desenhava, foi fundamental “antecipar estratégias”. “No ano passado, foi importante variar entre estratégias de risco de mercado e risco de crédito. O nível de acerto foi determinante para o sucesso no ano”, afirma. O Santander conseguiu um crescimento de 9,5%, a um patrimônio administrado de R$ 47,67 bilhões em fundos exclusivos.
A segunda colocada no segmento, Bram, destaca a equipe de vendas em sua performance. “É importante um setor de vendas bem alinhado e coordenado com a gestão. Foi feito um trabalho importante, junto a diversas empresas, para a conquista de novos clientes”, destaca a diretora-superintendente Denise Pavarina. A Bram chegou a um total de R$ 144,97 bilhões em patrimônio nos seus fundos exclusivos no ano passado, uma alta de 21,2% ante dezembro de 2009.

Investimentos – “Nesse segmento, o principal é a preservação de capital”, avalia Takahashi. Com a incerteza na Bolsa, a BB DTVM optou pela renda fixa, com investimentos ligados a índices de preços e juros. “No primeiro semestre, as operações pré-fixadas se mostraram uma opção interessante, com rentabilidade e volatilidade aceitável.” Além disso, também aproveitou oportunidades em crédito privado. “Vimos algumas emissões interessantes de debêntures, com boa relação entre risco e retorno. Os depósitos a prazo com garantia especial (DPGEs) e os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) também tiveram boa atratividade.” O executivo acredita que 2011 deverá ser bastante parecido ao ano anterior, com um incremento de Letras Financeiras (LFs) no portfólio.
Mesma tática de renda fixa foi adotada pelo Santander. “Capturamos bem as oportunidades geradas pela política monetária e de juros”, afirma Castro. Para 2011, o gestor diz que a instituição buscará uma diversificação setorial maior da carteira, aproveitando as emissões que estão vindo a mercado.
Já o Itaú, além da boa performance da renda fixa, também colheu resultados com fundo multimercado mais agressivo. “Foi importante para uma parcela da indústria, principalmente no segundo semestre”, afirma Mathias.

Private Equity – Sem o mesmo peso dos fundos exclusivos, os fundos de private equity (PE) e venture capital (VC) chegaram a R$ 47,50 bilhões.
Apesar da participação no patrimônio total administrado pelas assets ser de apenas 2,4%, a expansão foi de expressivos 146,7% em 2010.
A Caixa Econômica Federal (CEF), líder absoluta no segmento ficou à frente do Pátria Investimentos no levantamento. A instituição diz que seu crescimento se deve à atuação da área de fundos estruturados. A gestora da Caixa, que participa nesse segmento pela primeira vez, possui R$ 21,02 bilhões em fundos desse tipo.
A Caixa lançou no ano passado um fundo ambiental para investir em projetos de preservação do meio ambiente, outro fundo de óleo e gás e alguns fundos de infraestrutura. “Há um crescimento robusto da CEF neste segmento de PEs que vai continuar em 2011”, conta a superintendente nacional de desenvolvimento de produtos para terceiros, Aline de Oliveira Lima. O otimismo para esse ano vem da perspectiva de lançamento de fundos de PE em infraestrutura e reflorestamento, além de alguns Fundos de Investimento em Participação (FIPs) de incorporação imobiliária.
No Pátria, a preferência é por buscar investidores estrangeiros. “Os fundos de pensão nacionais ainda apresentam resistência em investir nos nossos PEs. Há uma exigência de participar do comitê de investimentos, o que entra em conflito com visão do investidor estrangeiro”, justifica o sócio- diretor de private equity da gestora, Alexandre Saigh.
No entanto, o próprio executivo reconhece que essa mentalidade está mudando. Ele diz que os fundos de pensão de pequeno e médio porte e com patrocinadoras multinacionais já mostram uma maior disposição e entendimento para investir em PEs. “As grandes fundações de estatais ensaiam alguma mudança, mas ainda não a realizaram efetivamente.” Atualmente, 55% dos investidores desses fundos do Pátria são dos Estados Unidos e 40% da Europa, Ásia e Oriente Médio, restando apenas 5% para os investidores nacionais. A asset possui R$ 5,71 bilhões em fundos de PE e VC, uma expansão de 35% em 12 meses.
Segundo ele, a atuação e captação do Pátria no segmento de PEs tem crescido nos últimos anos devido à evolução dos indicadores macroeconômicos do País e uma eleição presidencial em 2010 que colocou um governo de continuidade. Além disso, há um crescimento da indústria de ativos alternativos. “Os gestores têm conseguido entregar bons resultados. O País está superando problemas do passado, quando o setor era incipiente.” Os FIPs e PEs do Pátria são focados em empresas com estratégia agressiva de crescimento, Real Estate (setor imobiliário) e infraestrutura.
Esse último deve ser o setor mais aquecido em 2011. “O governo vai continuar avançando na agenda para os eventos esportivos. Óleo e gás será o destaque do governo Dilma nos dois primeiros anos, mas também precisa de portos, aeroportos, e outras estruturas”, projeta.

Direito Creditório – Em um ano que se inicia com incertezas na política monetária e no caminho a ser adotado para conter inflação, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) se mostram uma “alternativa interessante”. A avaliação é de Denise Pavarina, da Bram. “O ano passado já foi bom e a tendência é continuar”, acredita. Para Mathias, do Itaú, esse é um produto mais atrativo para clientes private. “É um veículo que permite a pulverização de investimentos, que deve continuar crescendo em 2011”, endossa.
A Bram é a segunda colocada no segmento, atrás da BCSul Verax, com R$ 5,47 bilhões, uma baixa de 15% em doze meses. “A queda se deveu a vencimentos de fundos. São FIDCs com um prazo de quatro ou cinco anos e a reposição não é feita, necessariamente, ao mesmo tempo que o vencimento”, justifica Denise. Já o Itaú é terceiro colocado neste segmento, com R$ 3,67 bilhões em dezembro de 2010 e alta de 7% em 12 meses.
No Votorantim Wealth Management, o superintendente de produtos, Reinaldo Lacerda, avisa que, além da atuação nos segmentos tradicionais, a instituição está reforçando o segmento de produtos estruturados voltados para clientes private, institucionais e corporate. “Estamos com uma família de 10 FIDCs, com três deles lançados em 2010”, afirma.
Um desses FIDCs é o BV Financeira 4, que captou, até o fim de dezembro, metade da oferta de R$ 2 bilhões. “Essa é uma classe de fundos com risco baixo e pulverizado para o cotista, com mais de 100 mil contratos de financiamento de automóveis, e a rentabilidae é acima da renda fixa tradicional”, argumenta Lacerda. A meta de rentabilidade é de 110% do CDI.
A instituição é a quarta no ranking, com R$ 3,23 bilhões nesse tipo de produto e alta de 38,2% em 2010. No total, esse tipo de fundo possui R$ 33,2 bilhões, com elevação acumulada de 27,5% em 12 meses.

Off-shore – Após passar quase ileso pelas crises nos últimos dois anos, o Brasil atrai mais estrangeiros interessados em investir em ativos locais.
Para o diretor de investimentos do HSBC Global Asset Management, Mário Sérgio Felisberto, instituição líder no segmento, antes o Brasil oferecia retornos, mas os riscos eram altos. “Agora, os retornos continuam atraentes, e o risco foi caindo”, analisa. O HSBC encerrou 2010 com R$ 17,21 bilhões sob gestão nesse segmento de fundos, um volume 33% superior ao de 2009.
Segundo Felisberto, a preferência dos investidores internacionais foi pela renda fixa. “A procura por ações foi menor em 2010, se comparado com o ano anterior. Houve alguma busca pela renda variável brasileira no começo do ano”, recorda. Além disso, ele indentifica um perfil de investimento a longo prazo, entre sete e oito anos, vindo dos clientes de varejo da Ásia, principalmente do Japão.
De acordo com o executivo, é esse tipo de investimento que oferece maior atratividade hoje em dia. “O aumento do IOF no final do ano passado prejudicou um pouco esses fundos e a captação caiu um pouco. Mas o investidor estrangeiro deve voltar a aplicar recursos no Brasil, pois as operações de prazo mais longo ainda oferecem retorno atrativo.” Já a BB DTVM, segunda no ranking, usa seus fundos off-shore com uma estratégia diferente. Eles são uma opção para brasileiros diversificarem investimentos com ativos no exterior. Do ponto de vista corporativo, onde o foco é maior, a estratégia está ligada a questões cambiais. “Assim é possível atrelar o seu fundo off-shore às atividades de importação e exportação. Faz sentido para empresas que têm fluxo comercial importante no exterior e que entendam ser estratégico manter ativos fora do País”, diz o presidente da instituição, Takahashi. A BB DTVM chegou a R$ 15,45 bilhões em fundos desse tipo no final do ano passado, montante 16,25% acima do verificado em 2009.
O principal foco da gestora de recursos no exterior são os não residentes ou empresas brasileiras multinacionais com um fluxo de negócios no mercado internacional que demande essa estratégia. “Ésse foco está bastante ligado à estratégia de internacionalização do conglomerado, que também tem esse viés”, compara Takahashi. No total, os fundos off-shore acumularam R$ 74,17 bilhões, com alta de 27% no ano.

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