Busca de complementação para reter clientes | Bram aposta na inte...
Edição 273
A nova asset que vai resultar da compra da unidade brasileira do HSBC pelo Bradesco vai disputar o posto de segunda maior do país com o Itaú. Até junho, a asset do Itaú tinha R$ 550,2 bilhões sob gestão, e em uma projeção preliminar, Bram e HSBC Asset, somadas, chegam a R$ 511,6 bilhões. Esse montante, no entanto, deve sofrer alguma redução durante o processo de integração entre as partes. “Temos demonstrado aos clientes que a ideia com o processo de incorporação é complementar aquilo que já temos”, diz Fabio Masetti, superintendente comercial da Bram.
O histórico do Bradesco, recorda o executivo, aponta para uma integração saudável entre as equipes das instituições. “São casas importantes com tradições diferentes”, pontua Masetti. Como exemplo, ele cita o risco de mercado, onde a atuação do Bradesco é mais forte, e o de crédito, em que a asset do HSBC tem atuação mais destacada.
A integração das equipes não preocupa o executivo. “O Bradesco tem tradição de acolher profissionais de outras casas e a ideia é que eles tragam complementaridade em relação ao que temos hoje, tanto em equipe como em produtos”. Como ainda são necessárias as aprovações legais, o superintendente entende ser prematura uma projeção de quais as áreas onde vão ocorrer as maiores sinergias.
No início dos anos 2000, lembra Masetti, o Bradesco foi bastante agressivo na estratégia de crescer inorganicamente. A própria constituição da Bram é um exemplo desse DNA do Bradesco de trazer talentos de fora para agregar competência em diversas áreas da instituição.
No decorrer do segundo semestre do ano, o executivo prevê que pouca coisa deve mudar, com a equipe do HSBC seguindo o atendimento comercial e de gestão a sua base de clientes, uma vez que as estruturas permanecerão segregadas no período.
Demora – Os quase dois meses que o processo levou para ser finalizado gerou um movimento de resgate por parte de alguns investidores, afirma Alcindo Canto, CEO da HSBC Global Asset Management. No segmento institucional, após uma série de semestres consecutivos de captação positiva, a gestora registrou resgates de R$ 600 milhões em junho, o que praticamente zerou a captação da asset nesta categoria no primeiro semestre. “Nos últimos 60 dias, investidores que tinham 100% dos recursos concentrados diversificaram com outros gestores para gerir parcela da carteira”, nota o executivo.
O CEO da gestora estima que 70% dos resgates no primeiro semestre tenham sido reflexo do ambiente macroeconômico, com os outros 30% atrelados aos ruídos gerados pela venda. “Isso não teve a ver com a performance, mas com o momento do banco. O anúncio da venda já gerou algum impacto. Quem tinha relacionamento só com o HSBC, até por um dever fiduciário, colocou um pedaço em outros gestores”. Além dos institucionais, Canto observou o mesmo fenômeno entre os clientes corporate. “As saídas líquidas ficaram estáveis nos últimos meses, mas as entradas diminuíram. A indefinição do processo poluiu um pouco o ambiente comercial”, diz Canto.
Com a conclusão do trâmite, o executivo espera daqui em diante uma interrupção dos saques. “Sentimos o negócio dar uma esfriada no fechamento do semestre. O anúncio veio em bom momento. Já estava na hora de tirar essa nuvem de cima para voltarmos a tocar nossa atividade comercial como sabemos”, fala o CEO da asset.
A gestora preparou uma lista dos principais clientes com quem têm feito uma aproximação maior, e a avaliação deles, segundo Canto, é “muito positiva. Não achamos que vamos voltar a ter resgates, pelo contrário, estamos ligando para os clientes para fortalecer os negócios”, reage com otimismo.