Verde lidera em ações no exterior | Santander, Itaú, J. Safra e B...
-15abr-02(Bruna Nishihata).jpg)







Edição 273
O ano encerrado em junho foi um período marcado pelo aumento dos ativos de renda fixa na indústria de gestão, com redução da renda variável, doméstica e global. O processo de aperto monetário impulsionou o rendimento dos títulos públicos, o que fez com que esses ativos tenham apresentado um dos maiores crescimentos na indústria de asset management, de 17,8% em 12 meses. O retorno mais elevado da taxa básica de juros também se refletiu em prêmios maiores no crédito privado, que pela menor quantidade de ativos disponíveis, registrou uma taxa de crescimento mais baixa que os seus pares públicos, de 9,2% em 12 meses.
Entre as novidades, a Verde Asset aparece nesta edição do Top Asset pela primeira vez com dados segregados da CSHG – Credit Suisse Hedging Griffo. Já em sua estreia, a Verde aparece na liderança na categoria de ações no exterior, com R$ 8,7 bilhões, e participação de 26,3%, bem à frente do segundo colocado, o HSBC, com R$ 1,1 bilhão, e participação de 1,3%.
A gestora de Luis Stuhlberger se beneficiou da base de clientes construída quando ainda estava dentro da CSHG e da Hedging-Griffo. “A estratégia internacional da Verde não é um processo novo, temos investido em pesquisa, equipe e tecnologia há mais de dez anos”, conta Artur Wichmann, gestor dos fundos globais da asset. “Com a boa performance do S&P nos últimos anos virou moda investir no exterior, mas já fazemos isso há muito tempo”, diz Wichmann.
A Verde conta com dois fundos globais, o Global Equities, de análise fundamentalista de ações em bolsas, que gira entre 20 a 40 papéis, e o multimercado Alpha, que além da exposição à renda variável tem parcela importante em moedas.
O fundo somente de ações, que historicamente tem exposição majoritária aos Estados Unidos, tem reduzido nos últimos meses a posição em bolsas americanas e migrado para as europeias. A fatia de Estados Unidos do fundo, que já foi de 70%, está ao redor dos 50%, enquanto a Europa responde hoje por 30%.
O gestor prevê um bom desempenho para as exportadoras do velho continente. “Um problema que a Europa teve de lidar por muito tempo foi a moeda cara. O setor exportador europeu já era ultracompetitivo com o euro a US$ 1,30, e vai ficar ainda mais agora em US$ 1,09”. Com a importante contribuição cambial, Wichmann prevê que o crescimento do lucro na região chegue próximo a 10% ao ano, ante a estagnação recente. Nos doze meses até junho, a rentabilidade do fundo global de ações da Verde é de 43,9%.
Títulos privados – Entre as principais variações da asset do BNP Paribas, houve queda em ações no exterior em doze meses, e forte aumento de títulos privados. Conhecida pela expertise de sua equipe de crédito privado, liderada por Gilberto Kfouri, a asset registrou o maior crescimento entre as dez maiores no segmento, de 163%, para R$ 6,9 bilhões, e passou a figurar na décima posição no ranking. De janeiro a junho, a captação da gestora no crédito privado somou aproximadamente R$ 2 bilhões. Para Luiz Sorge, CEO da BNP Paribas Asset Management, o resultado reflete o trabalho interno feito na estrutura da asset. “Foram reformas de estruturas, de processos de investimento, e nos controle de risco e de compliance, que foram consolidados, e isso foi percebido pelo mercado. Adicionalmente os investidores notaram que vínhamos tendo alguns destaques em relação ao mercado, e naturalmente acaba tendo um fluxo positivo de captação”.
A asset do Santander também apresentou um crescimento importante no crédito privado, de 23,4% em 12 meses, o que a deixou atrás somente das assets do BNP Paribas e do Itaú em termos de crescimento entre as dez maiores.
Ao vislumbrar que as taxas no mercado de crédito iriam ceder, como de fato cederam, a gestora elevou a exposição a títulos triple A de bancos entre o fim de 2014 e início de 2015. “Procuramos nos antecipar e compramos um pouco antes das taxas caírem para renovar o estoque”, diz Eduardo Castro, superintendente executivo de fundos da Santander Asset Management.
Outra gestora tradicional no crédito privado, a HSBC Global Asset Management fez uma leitura um pouco diferente no segmento, com queda de 11% entre os títulos privados nos doze meses até junho, para R$ 31 bilhões. Com a compra pelo Bradesco, no próximo ranking, a Bram deve disputar a segunda posição com a BB DTVM, quando ambas terão acima de R$ 100 bilhões, atrás somente do Itaú, com R$ 170,5 bilhões. A gestora do HSBC tem um grande fundo de crédito privado de R$ 5 bilhões, fechado desde janeiro do ano passado, com quase R$ 1,5 bilhão de fundos de pensão. “Com essa dinâmica macro, não tem como abrir”. Canto explica que a queda nos títulos privados decorre dos saques que naturalmente ocorrem no fundo, ao redor dos R$ 50 milhões por mês, e também da falta de novas originações na praça. “Não falta demanda, mas falta emissão, não tem ativo para comprar na categoria”, diz o executivo.
Títulos públicos – Entre os títulos públicos, a gestora do HSBC ficou estável em doze meses, porém, com uma queda de 8% em seis meses. O alto volume no segmento, explica Canto, é mais decorrente de fundos passivos do que de estratégias adotadas pela equipe, já que não se trata de um negócio considerado ‘core’ dentro da asset. “O que diferencia os fundos de títulos públicos é a taxa de administração. Fazemos quando o cliente precisa, quando tem uma demanda específica, mas não vemos muito prêmio na gestão ativa de títulos públicos”, afirma o CEO da asset. O corporate é um público que normalmente tem uma demanda maior pelos ativos, que se concentrou nos últimos meses em títulos pós-fixados, diante da incerteza sobre o rumo da política monetária.
Na asset do Santander, os títulos públicos tiveram aumento de 18% em 12 meses, e de 12% em seis, para R$ 110,4 bilhões. “Ficamos mais conservadores na margem. Renovamos créditos altos e volumes maiores e deixamos vencer créditos menores de volumes mais baixos. Aumentamos a qualidade da carteira”, fala o superintendente Eduardo Castro.
Ações Brasil – O movimento de queda na categoria de ações de companhias brasileiras, que foi de 11% na Bradesco Asset Management (Bram) em doze meses, é natural se levarmos em consideração o histórico recente da bolsa, diz Reinaldo Le Grazie, diretor superintendente da gestora. “Fica difícil para o conselho do fundo de pensão justificar ao seu participante um aumento de renda variável em um momento em que a bolsa está em queda”, comenta Le Grazie. O recuo da Bram no período foi o menor dentre as dez principais. “Foi um pouco de queda dos preços, e uma parte de resgates”, comenta o diretor, que entende que o movimento de baixa no segmento foi minimizado pela estratégia ativa de asset alocation da Bram. “Não ficamos na zona de conforto. Temos condição de oferecer às entidades um processo decisório de maior agilidade, já que às vezes os fundos tem um processo mais moroso”. Com a continuidade do desempenho fraco da bolsa, o mercado de ações domésticas caiu 19,8% em 12 meses.
Pela base que ainda é relativamente pequena, se comparada com os outros ativos principais nas carteiras dos investidores brasileiros, algumas movimentações, como os saques de fundos de pensão, causaram impacto relevante na variação percentual das ações no exterior, que tiveram uma redução de 39,5% no período, para R$ 14,9 bilhões.