Foco em fundos IMA | Institutos superam metas atuariais com bom d...

LUZ: ajuda da reviravolta dos juros

Edição 239

 

Os regimes próprios de previdência dos servidores (RPPS) registraram rentabilidade média superior às metas atuariais em 2011, repetindo o bom desempenho de 2010. O resultado foi obtido com concentração das aplicações em fundos de renda fixa indexados à família IMA e baixa exposição à renda variável. No ano passado, as aplicações foram beneficiadas com o início do ciclo de queda da taxa básica de juros, a Selic, a partir do segundo semestre. O Ranking Top Atuarial, elaborado e publicado com exclusividade pela revista Investidor Institucional, revela que menos de 4% dos ativos dos RPPS estavam aplicados na renda variável (veja tabela completa nesta página). Já a renda fixa concentrava mais de 72% das carteiras dos institutos. O segmento “outros”, com cerca de 20%, incluía, entre outras aplicações, FIDCs (fundos de direitos creditórios), que apresentam características similares à renda fixa. O ranking recebeu informações de 88 regimes próprios de estados e municípios, com investimentos de R$ 26,78 bilhões.

“O resumo é simples: quem buscou alta concentração em fundos indexados à família IMA teve no  ano  passado”, explica o diretor-tesoureiro da Aneprem, Herickson Rubim Rangel. Segundo ele, os fundos IMA-B que “patinavam” no primeiro semestre de 2011, deram uma reviravolta na segunda metade do ano. “Em agosto, os fundos IMA-B tiveram rentabilidade excepcional. O resultado recuperou o fraco desempenho do começo do ano e garantiu a meta para quem concentrava forte exposição nestes fundos”, conta.

Os fundos que detinham carteiras de renda variável mais expressivas, ao contrário, demostraram maior dificuldade para alcançar a meta atuarial diante do recuo de 18% observado no índice Bovespa em 2011. O economista da Somma Investimentos, Álvaro da Luz, destaca que em agosto de 2011 alguns fundos IMA-B 5+ (títulos com prazos de mais de cinco anos) exibiram rentabilidade superior a 6% no mês.

Tendência – Os fundos IMA continuaram com um bom desempenho no início de 2012, principalmente entre janeiro a maio, embora a partir de junho tenham começado a apresentar sinais de eventual reversão de tendência. Em junho, a rentabilidade do IMA-B foi negativa. “A queda recente é um sinal de possível mudança de tendência, mas não compromete a rentabilidade acumulada no semestre. Acreditamos que a aposta em fundos IMA-B pode ser mantida no curto prazo, mas é clara a necessidade de adoção de uma estratégia de diversificação de carteira”, diz Rangel, da Aneprem.

O dirigente acredita que a partir do final de agosto e início de setembro será conveniente começar um processo de diversificação em ativos de renda fixa. “Pensamos em migrar gradualmente parte dos recursos dos fundos IMA-B para produtos com papéis de menor prazo”, revela Rangel. Algumas das opções são os fundos com índice IDKA ou IMA-Geral. Ainda assim, o gestor descarta mudança agressiva no perfil das carteiras e acredita que a estratégia de concentração em fundos com índices da família IMA será mantida diante da perspectiva de que a taxa Selic continue em queda ao longo do ano.

Outras opções de diversificação são os fundos estruturados (FIPs – participações em empresas) e os FIDCs (Direitos Creditórios), além de multimercados e renda variável. Em relação a ações, porém, alguns gestores e consultores recomendam fundos com papéis de empresas focadas na distribuição de dividendos ou fundos voltados a setores da economia com perspectivas de desempenho superiores ao esperado por fundos de ações tradicionais. “Os regimes próprios estão em uma dinâmica de análise de novos segmentos. Os investimentos estruturados, por exemplo, devem se tornar uma opção cada vez mais avaliada daqui pra frente”, avalia Álvaro da Luz.

Grandes RPPS – Além da rentabilidade e da diversificação das carteiras, o Ranking Top Atuarial traz informações referentes ao patrimônio dos institutos. Entre os RPPS de estados, os destaques ficam com a ParanaPrevidência (1ª colocada entre os estaduais), seguida pela RioPrevidência e pelo Instituto de Tocantins. Já entre os  institutos municipais, os destaques, em relação ao tamanho de ativos, ficam para o Funprevi (Rio de Janeiro-RJ), seguido pelo Ipreville (Joinville-SC) e pelo Instituto de Jundiaí (SP).

O Instituto de Joinville possuía carteira de cerca de R$ 864 milhões em recursos aplicados em dezembro de 2011. É um dos destaques entre os RPPS municipais não só pelo tamanho, mas pela diversificação. Sua carteira de renda variável, que representava cerca de 10% do patrimônio no final do ano passado, exibiu rentabilidade negativa de 1%. Percebendo a perspectiva de queda das bolsas, a equipe financeira do Ipreville diversificou aplicações em fundos de ações, dando preferência para produtos com papéis de empresas que se destacam pela política de forte distribuição de dividendos.

O Instituto de Joinville também abriu um novo segmento de fundos estruturados. No ano passado, realizou investimentos em dois FIPs – um de portos e logística da BRZ e outro multissetorial da BTG Pactual. Em 2012, investiu em mais dois FIPs – um de shoppings do Pátria e outro multissetorial da Kinea. “Decidimos estruturar posições para atingir nossa meta atuarial no médio e longo prazos”, adianta a gerente da área financeira do Ipreville, Cleusa Amaral.

Entre os institutos estaduais, o destaque fica para o Paraná. O maior fundo entre os RPPS, com carteira de investimentos de R$ 5,85 bilhões, concentra a carteira em  títulos públicos de longo prazo (87% no final de 2011) e garantiu a superação da meta atuarial nos últimos anos. Uma aplicação que trouxe bom desempenho para a ParanaPrevidência foram os fundos de crédito privado do tipo DPGEs. No começo do ano passado, o RPPS aplicou cerca de R$ 200 milhões em fundos de crédito.