Crescimento vegetativo em 2005
Edição 169
Ativos dos fundos de pensão crescem 14,12% em 2005, em relação ao ano anterior; carteira de investimentos se mantém praticamente inalterada
Em meio a um segundo semestre marcado pelo conturbado cenário político e na expectativa de uma redução do juro primário, que só veio em setembro em 2005, os fundos de pensão brasileiros praticamente mantiveram os investimentos inalterados em relação ao ano anterior. Isto é, pautados por uma boa dose de conservadorismo que, segundo a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), tende a perder um pouco de força esse ano devido à tendência de um ritmo mais acelerado de queda da meta Selic.
O total de ativos em 2005 foi de R$ 321,5 bilhões ante os R$ 281,8 bilhões do ano anterior distribuídos em 370 fundações (em relação aos 366 fundos de 2004). O crescimento foi de 14,12%. As fundações encerraram o ano passado com 62,7% dos ativos (R$ 185,9 bilhões) aplicados em renda fixa, ante os 62,2% (R$ 159,6 bilhões) verificados em 2004. Só em títulos públicos (federais, estaduais e municipais) foram aplicados R$ 5,4 bilhões a mais que no ano anterior, quando R$ 31,7 bilhões compunham essa carteira. Na renda variável, as fundações fecharam 2005 com R$ 90,2 bilhões (30,4% dos ativos), em comparação com os R$ 77,1 bilhões do ano anterior (30,0% dos ativos).
Pelos números verifica-se que os ativos tiveram um crescimento “vegetativo”, conforme analisa o superintendente da Abrapp, Devanir da Silva. “Foi uma performance muito boa, mas calcada em recursos velhos”. “O ano poderia ter sido melhor se não fossem as CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) que deixaram os fundos com medo de se exporem”. Para ele, como o setor previdenciário tem feito “a lição de casa” o crescimento virá e pela criação de novos planos, que se darão, por exemplo, pela fusão de entidades menores com as maiores através do multipatrocínio. Silva lembra que, hoje, os planos mais pagam do que recebem e essa diferença de fluxo já está em R$ 8 bilhões ao ano.
Ranking – Apesar de poucas modificações no portfólio de investimentos, praticamente todas as fundações atingiram suas metas atuariais em 2005. Para este ano, Silva já verifica uma preocupação maior pela busca de ativos mais rentáveis, mesmo sendo um ano de eleições presidenciais.
O superintendente da Abrapp cita uma atenção maior por parte dos fundos de pensão para ativos como os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) e fundos de venture capital e private equity.
Entre as dez maiores fundações, por ativo, com patrocínio público poucas alterações: Previ, que fechou o ano com R$ 83,1 bilhões, Petros, com R$ 29,7 bilhões, Funcef, com R$ 21,7 bilhões, Centrus, R$ 7,8 bilhões, Forluz, R$ 6,5 bilhões, Real Grandeza, R$ 5,2 bilhões, Fapes, R$ 4,2 bilhões, Fundação Copel, R$ 3,8 bilhões e Refer, R$ 2,8 bilhões. Apenas na décima posição uma alteração: subiu Postalis, com R$ 2,8 bilhões, no lugar anteriormente ocupado pela Fachesf.
Entre as maiores com patrocínio privado as alterações também ficaram no pé da tabela das dez maiores. Em décimo, a Visão Prev ocupou a posição anteriormente da IBM, com R$ 2,4 bilhões em ativos de investimentos; em nono a Fundação Atlântico ficou na vaga do HSBC, com R$ 2,60 bilhões, e o HSBC subiu para a oitava posição, no lugar do Aerus, com R$ 2,62 bilhões. Daí para cima, tudo igual: Telos em sétimo, com R$ 2,9 bilhões, Caixa Usiminas em sexto, com R$ 3,0 bilhões, Banesprev em quinto, R$ 4,1 bilhões, Itaubanco, R$ 6,8 bilhões, Valia, R$ 7,2 bilhões, Sistel, R$ 7,6 bilhões, e Fundação Cesp, com R$ 15,6 bilhões.